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Portugal (4/7) ... tenham vergonha, tenham muita vergonha.

DEIXEM-ME VOTAR, POR FAVOR!
Pedro Marques de Figueiredo, Arquitecto. 30.NOV.2004

1. Venho por este meio expressar à Comissão Eleitoral da Ordem dos Arquitectos o meu desagrado face ao facto de ter sido impedido de votar (por ter as quotas em atraso, tal é o caso.
2. Considero o meu exercício ao direito de voto, um direito adquirido enquanto cidadão. No caso particular destas eleições internas, creio ser um direito que me é devido apenas (e tão só) pelo facto de pertencer à Ordem. E de meu pleno direito, pois que efectivamente pertenço de facto.
Até agora tive direito a cartão, nº, certidões, jornal J-A, etc. E sempre fiz questão de pagar as quotas, o que fiz com regularidade sempre que pude.
3. Simplesmente, ao mês de Novembro não pude, por razões obviamente económicas saldar os cerca de 180 euros anuais (36 contos) que efectivamente devo à Ordem.
Creio que cabe à Ordem perceber com isto, com alguma sensibilidade; mesmo que os estatutos digam o contrário, ou mesmo que haja alguma qualquer importante razão de carácter burocrático estatutária que diga o contrário. Tudo isso será irrelevante, ainda que esteja escrito.
4. O que me parece importante é a Ordem abrir os olhos às questões internas dos seus associados; às questões económicas e às questões sindicais que preocupam uma grande parte dos arquitectos. As mesmas questões que levam a que actualmente me seja difícil dar 36 contos anuais à Ordem dos arquitectos.
Conheço muitos Arquitectos a ganhar 5 euros à hora e a recibos verdes e que, entre muitas mais despesas obrigatórias, têem 98 euros de segurança social cada mês para pagar (o que é praticamente dinheiro deitado fora, visto nem sequer saberem se terão direito a reforma quando o sistema rebentar. Mas pronto).
O pagamento à Ordem é obviamente justo, mas não pode ser transformado no cerne das nossas preocupações económicas, era só o que faltava.
Conheço arquitectos, com 5 e mais anos de trabalho, agora despedidos (falsos recibos verdes) não têm trabalho e não têm direito a subsídio de desemprego. Todos jovens.
Conheço a dificuldade em se cobrar honorários justos por um projecto.
5. A Ordem, actualmente, fecha os olhos (quadradamente) à situação económica de muitos e parece (obsessivamente) interessadíssima em cobrar tudo e mais alguma coisa: certidões, quotas, fóruns, cursos, etc.
6. Se eu, na República Portuguesa estiver desempregado, ou sem dinheiro para pagar os meus impostos continuo a manter o meu direito de voto em legislativas, autárquicas, etc. 7. Não há razão nenhuma para que na Ordem seja diferente.
Quero que a Ordem dos Arquitectos deixe de fazer chantagem económica com os seus membros, já que ainda por cima a pertença à Ordem é obrigatória. 8. Não me podem obrigar a ter dinheiro, portanto.
9. A Ordem há muito que se deveria preocupar com a grave situação dos Arquitectos em geral e dos Arquitectos jovens em particular.
Cada vez mais jovens, cada vez menos trabalho, emprego muito pouco, generalização dos recibos verdes, vencimentos baixos, e por aí fora.
E também não é “liquido” nem garantido que o anunciado (mas escandalosamente, ainda não efectivado) fim do 73/ 73 venha a ser a solução milagrosa para o aliviar destes problemas de trabalho.
Enquanto a Ordem não ultrapassar esta infantil mentalidade “burguesa” e “pseudo- unitária” que insiste na dissolução aparente das diferenças entre arquitectos, na manutenção “institucionalíssima” de sérias aparências (em bicos de pés, para fingir conseguir ombrear como recém–chegada, com as outras ordens instituídas), em ser uma espécie de flor de lapela na camisa de políticos (que depois dão o dito pelo não dito, facada nas costas no fim do 73/ 73, de sorriso amarelo que “sim senhor, concordam com tudo, mas…e tal…”) …
Enquanto andarmos a fingir fóruns e discussões e fizermos sindicalismo a menos e “cultura” a mais; andaremos sempre a ser espezinhados por engenheiros “técnicos”, empreiteiros, falta crónica de pagamentos, e, pior: por nós próprios, mesmo…
Às vezes o inimigo até é –imagine-se - a “exploração do Arquitecto pelo Arquitecto”…
Mas isto, percebe-se, é incómodo, e o “25 de Abril” é uma flor fossilizada pela geração dos nossos pais, agora instalados, arquitectos ou não, de “esquerda” ou não.
Não privem os que nasceram em 75 da revolução.
Isto também é uma questão geracional.
E eu acho que faz todo o sentido haver um sindicato de Arquitectos.
O sindicalismo não é um tabu, coisa passadista de operários sujos, vermelhos , feios, porcos e maus...
É uma necessidade de quem trabalha. E nós, arquitectos, trabalhamos que nos fartamos, e não somos nada reconhecidos, nem pagos.
10. Agora, Ordem: deixem-me votar e façam o vosso papel.

in http://www.oasrn.org/obs_termometro.php?numaut=88

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