Um emaranhado helenístico de citações (1/7)
0 Comments Published by POP on 29 novembro 2004 at 19:08.JPP in FRAGMENTOS DE UMA CARTA SOBRE A CULTURA, Risco 2, Lisboa, 1985.
A tua cultura é minha inimiga.
É insopurtável viver numa sociedade impregnada de cultura. Acabaram assim com a inocência da sensibilidade, já não se gosta como acto do ser - intimo, discreto e silencioso-, mas sim como acto de referência a uma cultura espectacular cheia de modas e bordados, de passado, presente e futuro, de textos, sinais e falas.
Toda a gente sabe o que se lê, o que se vê, a indústria da cultura propõe-nos objectos frente aos quais devemos determinar-nos. Já não há discrição no gosto.
Não posso nem com o Expresso-revista, nem com as performances, nem com os cinemas, os bailados e as exposições. Não há nada de sério aí: apenas o efeito devastador da democratização da cultura nas classes médias, entre os professores de liceu, os empregados bancários, os deputados, os técnicos de computadores, as modistas da alta, os cabeleireiros e os jornalistas.
Estas são as camadas da sociedade que têm a singular virtude de se erguerem como um dique entre as elites e as massas e de estragarem tudo em que tocam. ...
A tua cultura é minha inimiga.
É insopurtável viver numa sociedade impregnada de cultura. Acabaram assim com a inocência da sensibilidade, já não se gosta como acto do ser - intimo, discreto e silencioso-, mas sim como acto de referência a uma cultura espectacular cheia de modas e bordados, de passado, presente e futuro, de textos, sinais e falas.
Toda a gente sabe o que se lê, o que se vê, a indústria da cultura propõe-nos objectos frente aos quais devemos determinar-nos. Já não há discrição no gosto.
Não posso nem com o Expresso-revista, nem com as performances, nem com os cinemas, os bailados e as exposições. Não há nada de sério aí: apenas o efeito devastador da democratização da cultura nas classes médias, entre os professores de liceu, os empregados bancários, os deputados, os técnicos de computadores, as modistas da alta, os cabeleireiros e os jornalistas.
Estas são as camadas da sociedade que têm a singular virtude de se erguerem como um dique entre as elites e as massas e de estragarem tudo em que tocam. ...
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