O magazine semestral Mofo apresenta o tema central para o segundo número: a Oficina de Encadernação. Daqui à Biblioteca seguimos uma linha com alguns apeadeiros. Ap 1: o Papel. Ap 2: as Letras. Ap 3: o Texto. Ap 4: os Escritores.
Teremos seguramente mais páginas, com entrevistas, textos e um concurso tipográfico.
A partir de agora iremos incluir na sequência de posts, alguns - mofo magazine : : : 02 [ dir ] - relacionados com a temática deste número.
Estão lançadas algumas pistas, aguardamos sugestões e ... colaborações.
LOW
Exposição de pintura de Jaime Braz
18.02.2006 17h
Livraria da Praça _R. Cónego Martins, nº 13 (ao Museu Almeida Moreira)
Aurora
Filme Concerto
18.02.06 Casa da Cultura de Santa Comba Dão. Projecção do filme com apresentação da composição sonora original de Luís Pedro Madeira (Belle Chase Hotel) e interpretada ao vivo pela orquestra Láudano(Coimbra).
Castelo Andante
de Hayao Miyazaki, Howl’s Moving Castle / Hauru no ugoku shiro, Japão, 2004, 119’
21.02.06 21:45 Cineclube de Viseu_Largo da Misericórdia 24, 2º
Noite de Reis
a partir de textos de William Shakespeare - Companhia Paulo Ribeiro 24 Fev 21:30 Teatro Viriato
João Cosme
Exposição de Fotografia
25.02.06 18h Galeria Novo Ciclo ACERT Tondela
Kumpa’nia Algazarra
25.02.06 23h30 Bar Novo Ciclo ACERT Café-concerto_ Música do mundo com espírito cigano, para celebrar a festa da vida, partilhando a dança. Muita originalidade, humor festivo e grande energia diante do público ...
No final do ano passado foi lançado em Oliveira de Frades o magazine MOFO. Terá uma publicação semestral e em cada edição será abordado um tema especifico.O Nº1 tem como tema as "Pensões" com destaque para a Pensão Avenida em Oliveira de Frades. Gostei bastante desta primeira edição.Todas as informações no blog MOFO.
A revista ATLÂNTICO, defensora do inconformismo contra a cultura dominante e o politicamente correcto, publica no número de Dezembro uma reportagem (Cidade Branca) da autoria de Hugo Gonçalves sobre a cidade de Lisboa. A ler devagar aqui:
Mesmo com a chegada dos imigrantes na última década, Lisboa tem menos população do que há quarenta anos. É uma cidade que pretende ser europeia, global, mas que ainda se sente estrangulada pelo passado. Durante alguns dias, Hugo Gonçalves viveu nas pensões do Rossio e conta como bate o coração da capital .
Enviamos para todo o lado, mandem-nos a morada via e-mail.
Nota: entre parêntesis curvos estão as quantidades de magazines depositados em cada ponto de venda, se por acaso estiverem todos (ou quase) vendidos avisem-nos. Gracias.
…é um local em construção, que está a ser recuperado pela recém-formada associação Concepções s/ Pecado com o intuito de o transformar numa ZAP [zona autónoma permanente]: um local de convívio fora do tempo, do espaço, & de outras limitações institucionais, dotado de uma diversidade de recursos.
Pretende-se que estes recursos incluam galeria, cafetaria/biblioteca, videoteca, laboratório media, postos de livre acesso à internet, ponto de bookcrossing & de distribuição de demos & zines, assim como a cedência de espaço para o desenvolvimento de projectos artísticos & para a realização de acções de formação em geral.
Se quiseres propor exposições, workshops ou algum outro tipo de eventos / actividades, ou participar de algum modo neste projecto, não hesites em contactar-nos através do e-mail almada555@gmail.com ou – melhor ainda – dá um saltinho na R. do Almada, nº555, no Porto.
As Concepções s/ Pecado são uma associação juvenil sem fins lucrativos, pelo que agradecemos todo e qualquer apoio da tua parte: o futuro deste projecto também depende de ti. Rumba?
http://555.weblog.com.pt
"E agora regresso a casa, cheio daqueles anos
tão novos que nunca poderia pensar
sabê-los velhos numa alma"
Na Livraria da Praça ( Viseu) a 11 de Fevereiro de 2006
por Jorge Silva Melo
MOFO “Eu sou uma mentira que diz a verdade” *
8 Comments Published by POP on 03 fevereiro 2006 at 14:31.
«A ideia embrionária de criar este Magazine com o nome MOFO surgiu há uns anos em “conversa de café”».
Eis então que me surge a imagem de que os tempos bem podem retroceder e as gentes do café, por exemplo, o da Brasileira, em Lisboa, emergem sob as figuras de personalidades histórico-literárias tais como Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Mário de Sá Carneiro, Sara Afonso, etc., etc. … e isto a título de um exemplo isolado, muitos outros emergirão na memória. Mas já que se comemora 35 anos da morte de Almada Negreiros façamos-lhe justiça e lembremo-nos que “As palavras querem estar no seu lugar”, como o Mestre afirmou.
Neste Magazine as palavras têm efectivamente o seu lugar… as palavras e não só… a história e as suas gentes, a fotografia, a arquitectura; enfim, as artes em todas suas esferas de representatividade… Habemus MOFO!
Para já MOFO é uma constatação, é um projecto real e efectivo, integrado num país, desculpai-me a frontalidade crítica e erroneamente cruel (isto para quem o achar), um país que muitas vezes cheira a MOFO. Mofo é portanto um magazine Outsider (como se intitula) que ironicamente, mas não de maneira alguma, encerra uma intenção/pretensão de representatividade de tudo o que é sensorialmente considerado Mofo. Mofo é, portanto, uma designação contrária, antitética, se assim a quisermos chamar, de forma a suscitar ao leitor uma atitude de interpelação. Mas qual é a espécime de um projecto como o Mofo? Convenientemente recorro às palavras de Jean Cocteau:
“Eu sou uma mentira que diz a verdade” - “ Eu (MOFO, entenda-se) a mentira (designação nominal) que diz a verdade (a verdadeira intenção do magazine)”. E quanto ao nome acho que ficamos esclarecidos.
Por outro lado, surge a questão que se coaduna com a pertinência editorial de uma revista deste género, sobretudo porque sediada numa região do interior, e com isto quero dizer, uma região periférica, pois já Almeida Garrett dizia “Lisboa é Portugal e o resto é paisagem”. A esta interpelação (não despropositada) respondo com outra, a título de provocação? Não se fala tanto em descentralização, como um mecanismo e medida para um maior e efectivo desenvolvimento do país? Pois é: quer queiramos ou não, uma descentralização política não é em nada suficiente… o desenvolvimento e evolução (já que esta é uma palavra politicamente moderna), passam obrigatoriamente (e é bom que tenhamos consciência disso) pela cultura, pelo apoio a iniciativas deste género, pela conservação do nosso património regional / nacional. Segundo este prisma, ainda bem que o MOFO Magazine Outsider radica em Oliveira de Frades e é concebido por cidadãos deste país, mas também por conterrâneos desta terra.
Ora o facto de ser um magazine de Oliveira de Frades, a localização geográfica reflectir-se-á nas temáticas abordadas, mas a elas não me parece que se vá circunscrever. Neste sentido, este número principiou com uma interessante abordagem à Pensão Avenida, património deste concelho (e não só), local que efectivamente pertence quase ao nosso imaginário, dado a história encerrada nestas quatro paredes, dado ao quase misticismo e/ou mística que este espaço carrega e transporta. Estas componentes, quase intrínsecas, encontram-se aqui (no MOFO MAGAZINE) expressivamente retratadas, ou se quisermos ser mais correctos, figuradas. Estou-me, então, a referir à pouco convencional entrevista ao Fernando Laranjeira, actual proprietário da Pensão Avenida, ao concurso Mofo Arquitectura, que se coaduna com uma consciencialização das … e passo a citar: (…) carências ao nível turístico, cultural, comercial, social e de lazer em Oliveira de Frades e o claro desajuste funcional da Rua Dr. Lino dos Santos (...)
Bem claras são estas palavras e bem interessante, nesta perspectiva, é o projecto de reutilização do espaço apresentado.
Mas, há pouco, dizia eu que o tema central desta revista – Pensão Avenida – não se circunscreve à Pensão Avenida. Ele estende-se pelo fantástico universo das Pensões, tal como se explica no artigo intitulado “Literatura lateralmente literal”. O termo Pensão (aí se indica) provém do latim pensione, ou seja, “uma casa para pernoitar uma noite… de passagem ou para a vida toda. Este texto é talvez o corpo mais intertextual de todo o magazine. Aqui, fazem-se pertinentes referências às obras de autores como José Rodrigues Miguéis - Léah e outras histórias-, Vergílio Ferreira, na sua obra Aparição, Al Berto, no Lunário, Dostoyevski, Óscar Wilde, António Rebordão Navarro, Luiz Pacheco, Baudelaire, etc., etc.
De facto, o universo das pensões sempre foi profícuo à criação (literária e não só), sendo, muitas vezes, associado a uma certa e talvez forçada clandestinidade… quem é que se não lembra d’ ARelíquia, de Eça de Queirós, e do local onde o Teodorico se exilou quando foi expulso pela Titi; quem é que se não lembra do local onde Mário de Sá Carneiro se suicidou (sem qualquer sentido de morbidade, entenda-se) … sim: num quarto de uma pensão parisiense.
Indubitavelmente, as Pensões são emblemáticas e bem inspiradoras, talvez pela magia e pela recriação de um novo lar, talvez por serem um local por onde passam muitas pessoas – multifacetadas – e, evidentemente, por serem um local onde subsistem as memórias e se sente o Mofo das histórias.
Por fim, mas não no fim, não descuremos a hilariante fotonovela – Pensão Central – inspirada no livro de Miguel Torga. De facto, curiosa foi a interligação da ficção com a realidade. Desenham-se imagens que todos nós conhecemos; há uma história, que sagazmente nos provoca estranheza, e na qual muitos de nós nos poderemos reconhecer como personagens (agora escolham qual delas vos é mais conveniente!) …
Finalizemos, então, com o artigo científico bem metafórico, no sentido em que a dita definição de Mofo, bafio, bolor (ou seja, cheiro característico da humidade e da ausência de renovação de ar), não se restringe à noção científica, mas estende-se às potencialidades literárias, tendencialmente já patenteada no artigo, aquando se fala de “mentalidades com uma deficiente renovação do ar e com um elevado grau de humidade”- eis que surge o MOFO.
Por outro lado, desvela-se igualmente que muitos dos fungos microscópios poderão ser muito úteis: e nomeemos um exemplo bem conveniente para esta altura, devido às horas - o belo roquefort (entre muitos outros queijos), têm bolor, são consequentemente felizes vítimas do Mofo.
Pois muito bem, não se receie o Mofo, sejamos selectivos com o que consideramos objecto de “Mofo”; arregacemos as mangas e coloquemos as mãos na dita arca que cheira a Mofo e falemos de tudo o que nela se poderá encontrar, de forma a arejar as vidas. Eis o que considero (e desculpai-me a ousadia) o que todas as pessoas que não quiserem ser conotadas como MOFOGRANGRENÁRIAS, um belo desafio… estão lançados os dardos e as farpas!
* este texto escrito pela Teresa Machado fez parte da apresentação do Magazine no dia 21 de Dezembro de 2005 no MMOF.